Passava já da hora de ir pra cama quando finalmente entrei no comboio internacional que milagrosamente passa em Abrantes tendo como último destino Madrid! À entrada logo um desafio pesado,e não era para menos. O facto de ter de meter a minha mala gigante com mais de 30 kg lá dentro no ponto mais alto do sítio de arrumar as malas (que agora não me ocorre o nome) foi qualquer coisa de complicado, sim porque o comboio internacional não é feito para pessoas gordas a não ser que estas andem de lado (verifiquei e andam mesmo). No entanto tive a ajuda FUNDAMENTAL do "pica" que me socorreu com as suas palavras amigas que diziam "Vá empurre mais pra cima, mais pra cima!". Terminada a tarefa, sentei-me no meu lugar. Com todo o comboio às escuras, apenas se viam as luzes de presença e ouvia-se uma fantástica banda sonora da Rádio Ronco do homem que estava sentado atrás de mim. Enfim, com uma luz da casa de banho a bater-me em cheio nos olhos graças a uma velhota que não soube fechar a porta, adormeci. Acordei já em Espanha (Madrid), a chegar finalmente à estação terminal de Chamartín. Com umas bogas que se viam por toda a capital, esperava-me uma viagem de mais de 5 km até à minha escola de acolhimento. O sítio da casa de banho de Chamartín continua uma incógnita para mim. Saí da estação e caminhei institivamente para a esquerda e institivamente estava certo, lá me consegui orientar no mapa. Muitos eram os táxis que me apitavam à espera que eu desse sinais de fraqueza para que me atacasssem a carteira com os seus 5 cêntimos por segundo que cobram! "A mim não vão vocês roubar!" dizia eu, pobre inconsciente, sem saber o que me esperava daí para a frente.